sábado, 26 de março de 2011

A armadilha do príncipe encantado

Nascemos. A partir dos 3 ou 4 anos começamos a receber doses radioativas diárias, ou semanais de um produto que pode causar danos irreversíveis: os contos de fadas. Sejam os dos livros, menos perigosos, sejam os dos filmes da Disney: fatais. Contraímos o vírus da Cinderella achando que um dia alguém virá nos tirar do borralho.

De boa, eu desejo muito que a Kate Middleton seja esperta e não caia na armadilha do Príncipe Azul, pois já entrou em cena cometendo um erro gravíssimo: apaixonou-se por um príncipe bonito. Príncipes bonitos geralmente têm cara de bobos, mas de bobos não tem nadica de nada. William soube escolher bem sua futura esposa, reconheceu que ali existe uma futura rainha, que mesmo que não chegue ao trono já conquistou o amor do povo, antes dela, só sua mãe.

Desconfie Kate, sempre. Príncipes costumam aparecer no final do dia, depois que você fez as unhas, preparou os trabalhos da faculdade, fez esfoliação no rosto e derrotou bruxas malvadas. Apenas pra relaxar e gozar os privilégios do cargo. Príncipes não te ajudam com os deveres, nem sabem qual é o seu prato, tampouco te pegam com força para uma transa no meio da tarde. Príncipe tem sempre horário marcado.

Chegam de mansinho, em seus carros do ano, prometendo a felicidade eterna e um jantar à luz de velas num restaurante charmoso. E possuem aquele eterno ar de sonsos. Desconfiem, meninas (os)!

Diana, que tinha a faca e o queijo na mão ao surgir linda e loira na vida de um príncipe que muitos pensavam ainda ser sapo, sofreu o que todos já sabem; ou seja, um príncipe feio pode ser tão ou mais egocêntrico que um belo, e a cabe a princesa enfrentar os perigos.

Quanto dura um felizes para sempre hoje em dia? 3 meses, 6 se você tiver sorte. Crescemos, e a fantasia do príncipe nos acompanha, isso não é exclusividade das mulheres, gay que é gay também sonha com príncipe, ainda que não confesse ou diga preferir o Lobo Mau. E é difícil desfazer-se da ilusão, nesse mundo tão cheio de sapos, caçadores e camponeses fajutos, a idéia de que o príncipe irá nos salvar da torre é um consolo para qualquer um. Marina Colasanti explica isso num poema bem-humorado:

“Sexta-feira à noite
Os homens acariciam o clitóris das esposas
Com dedos molhados de saliva.
O mesmo gesto com que todos os dias
Contam dinheiro, papéis, documentos
E folheiam nas revistas
A vida dos seus ídolos.
Sexta-feira à noite
Os homens penetram suas esposas
Com tédio e pênis.
O mesmo tédio com que todos os dias
Enfiam o carro na garagem
O dedo no nariz
E metem a mão no bolso
Para coçar o saco.
Sexta-feira à noite
Os homens ressonam de borco
Enquanto as mulheres no escuro
Encaram seu destino
E sonham com o príncipe encantado.”


Aqui vai um conselho, se conhecer um príncipe e apaixonar-se, desconfie. Mas, se conhecer um camponês comum, que nem seja tão bonito mas que também não seja feio, que nem tenha olhos azuis mas sim olhos que brilhem quando você chega, que não seja muito falante mas presta atenção no que você diz, que não tenha os mesmos interesses que os seus mas ainda sim se interessa pelo que te dá prazer, não deixe escapar, esses sim são os verdadeiros encantos.

XOXO!

Chuck B.

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(Cinderella e seu príncipe: a doce ilusão de nossas cabeças)

(Diana e Charles: príncipe com cara de sapo e final infeliz.)

(Kate e Willian: Desconfie, querida, desconfie!)



Um comentário:

  1. príncipe que é príncipe ajuda nos deveres, sim! o meu ajuda, rs*

    e adorei o poema da Marina, não conhecia.

    beijos, doçura

    ...

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